MORRO DA LUZ O morro da luz denominado parque Antonio Pires de Campos foi tombado como patrimônio Histórico municipal pelo decreto de lei nº 870 de 13.12.1983, homenageando o filho do bandeirante Manoel de Campos Bicudo, um dos primeiros desbravadores a atingir o local, e devido à existência naquela área elevada de uma pequena casinha, a subestação da usina de casca I, que fazia a distribuição da energia, e inaugurada em 1928, também ficou conhecida como morro da luz.
Possuía Bicas e bacias visando a retirada de água. O historiador Francisco Ferreira Mendes, nos informa que, até 1882 o abastecimento de água em Cuiabá era feito através de pipas transportadas em carroças, sendo vendida em latas e de porta em porta.
Algumas casas possuíam poço de água salubre nos quintais. Somente em 1822, no alto do morro da Caixa D`água velha, aproveitando o declive, que impulsionava a água, desta feita potável, recolhida do Rio Cuiabá, através de motores, que o cuiabano conheceu como hidráulica, água coletada em um imenso tanque, hoje transformado em Museu.
Em Mato Grosso, mormente em Cuiabá, sua Capital, os problemas relacionados ao abastecimento de água, também era relacionado ao problema energético. Por isso estamos apensando um pequeno trabalho de pesquisa, para melhor entendimento.
Para se chegar ao continente brasileiro, necessário se fez singrar os mares bravios, em caravelas tocadas pelo vento. Desta época até o advento da força motriz, a locomoção era através das águas. Assim foi com o litoral brasileiro e principalmente, quando as entradas e bandeiras começaram a perlustrar o Interland. Não fossem estes movimentos incentivados, também, com a descoberta de jazidas de metais e pedras preciosas, o continente brasileiro ficaria a espera de ser redescoberto, ou invadido somente Deus saberia quando.
Feita esta reflexão sobre a importância transcendental, quanto à ocupação geográfica do nosso País. Ainda tratando-se do elemento químico mais precioso para vida e agora com a visão de Mato Grosso e da sua eterna Capital Cuiabá, após as idas e vindas e das formações dos núcleos, queremos no debruçar sobre a história da água em Cuiabá.
Além do desconhecimento cientifico à época relativo a água (H20), quando hoje cientificamente sabemos que grande parte das patologias são adquiridas via hídrica, vamos encontrar Cuiabá consumindo água em natura e portanto imbricada de bactérias e outro microrganismos que vivem na água.
Água potável, pura e saudável ainda o cuiabano não consumia. Com a chegada de Miguel Sutil e a grande ocorrência de pessoas deslocadas do “Arraial da Forquilha”, em busca do ouro das Lavras do Sutil, a população viu-se na contingencia de utilizar no Sec. XIX, as biquinhas que escorriam do Morro do Rosário, onde se localizava o “Tanque do Arnesto” não somente para atender as casas que em Cuiabá estavam a surgir e principalmente para o consumo diário como bebida.
No decorrer do tempo, o famoso “Tanque do Baú” para atender suas necessidades e o consumo diário. No Sec. XVIII, em 1777 foi construído um aqueduto sobre o Córrego da Prainha, sendo que hoje não existe mais. Ainda no Sec. XIX foi construído o Chafariz do Mundéu e em 1914, outro Chafariz foi construído o Chafariz do Jardim Alencastro. Com o crescimento da cidade houve a necessidade da implantação dos seguintes Chafarizes: O Chafariz da Praça Luiz de Albuquerque no Porto em 1830, o Chafariz da Praça da Bandeira em 1937, o Chafariz da Praça Ypiranga em 1914,Em 1912 o sistema de água em Cuiabá foi ampliado com a Instalação de uma caixa de água na Praça General Mallet frente ao Liceu Cuiabano.
A captação da Hidráulica junto ao Rio Cuiabá em 1948, e para receber a água captada construiu-se e foi inaugurada em 30 de dezembro de 1882, o 1º sistema de abastecimento de água potável construída pelos empresários João Frick e Carlos Zannota na famosa Caixa D`Água Velha, com a galeria no seu interior, objetivando através do declive abastecer as poucas casas residenciais existentes naquela época. Em 1914 da Galeria da Caixa D`Água Velha descia água potável para abastecer a cidade. Em 1939 iniciou a construção da Torre de Água através da empresa Coimbra Bueno, localizada no Bairro do Quilombo, na Avenida Presidente Marques. E com esta empresa veio o cuiabaníssimo carioca Dr. Cássio Veiga de Sá, engenheiro renomado, responsável por belas e fortes edificações em Cuiabá.
No governo de Dr. Arnaldo Estevão de Figueiredo, chegou o Sr. Delphino de Mattos para ocupar a Diretoria de luz e água, isto no ano de 1950, que também presidiu a Usina de Jaciara.
Relata ele as dificuldades encontradas na Diretoria de Luz e água de Cuiabá, não somente de ordem econômica onde poucos efetuavam o pagamento da conta de luz, como também de ordem administrativa para gerencial com mínimo de racionalidade a Diretoria. Poucos Funcionários na grande maioria sem qualificação profissional, em que pese à boa vontade e desprendimento dos mesmos para suprir as necessidades da cidade na área da energia elétrica, setor que exigia alta capacidade e que devido a isto muitos morreram eletrocutados. E ainda devia gerenciara a parte de Água e esgotos, imaginemos a parafernália administrativa, por escassez de funcionários e funcionários qualificados. Na grande maioria eram oriundos dos sítios e roças de Mato Grosso, levando o diretor a se pronunciar: “trabalhamos na base do amor e abnegação”. Entretanto à medida que os anos avançavam, o número de habitantes avançava, também exigindo mais serviços naquelas áreas, exigindo mais e mais ligações e como o poder público era carente a população partia para as ligações clandestinas, onde o risco de acidentes que provocavam mortes era frequente. Relata ainda o Sr. Delphino: “Isto sem contar com a falta de energia, devido a queda das redes energéticas velhas e ruins”.
Nisto posso ratificar o relato, visto que no meu exercício profissional, já nos meados da década de 60, fui muitas vezes obrigado a interromper meu serviço por falta de energia elétrica, ou terminar uma extração dentária com o paciente ajudando na iluminação, segurando uma vela. Os pedidos para renovar a Usina Casca I eram insistentes, até que em 1950 iniciou-se a construção da Usina Casca II. Em Cuiabá no “Morro da Colina Iluminada”, onde hoje existe o Prédio João Pedro Dias- o patrono da energia elétrica em Cuiabá, próximo ao Colégio Nilo Póvoas, existiu a chamada e conhecida pelos cuiabanos “A Casinha da Luz”, pintada de branco, que acolhia nada mais que dois transformadores, como centro de distribuição da energia elétrica em Cuiabá, e nem chefia existia à época.
Continua relatando ainda o Diretor Delphino: “a rede de distribuição urbana era muito ruim, diz ele que; quando se construiu Casca I morreu muita gente eletrocutada, porque quando caiam os fios elétricos, as pessoas não sabiam e pisavam nos mesmos. Morreram muitos carroceiros, pedreiros, e até soldados. Relata um dos funcionários humilde sob seu comando, era guarda fios Sr. Joaquim que já havia pedido para voltar a trabalhar na sede em Cuiabá, porém ao executar o último serviço, diz o Sr. Delphino: “ele saiu montado no burro e não mais voltou, foi encontrado com vida, apenas seu chapéu encostado no fio elétrico, pois o mesmo morrera eletrocutado. Não foi o primeiro nem será o ultimo a morrer, vitimas das contingências absolutamente pioneiras da época, morreram em nome do progresso!” O relator de parte desta história, Sr. Delphino de Mattos, foi vereador e prefeito interino de Cuiabá, em 1949, motivado pelo afastamento do prefeito titular Sr. Leonel Hugueney por motivo de viagem. Deixou um relato sobre a Diretoria de Luz e água, em 22 de maio de 1950, endereçado ao abrangente Secretário de Agricultura, Indústria, Comércio, Viação e Obras públicas Dr. Rosário Congro. Como se vê um homem multifacetado na época! Entre tantas constantes do relatório, assinala ele: “a crítica situação da usina geradora, cuja capacidade de há muito estava esgotada, relembrando os velhos conjuntos montados por Mário Corrêa da Costa e o segundo pelo Interventor Júlio Mülher, em 1942. Solicitava ainda uma nova usina, solicitação já feita por Alberto Addor em 1948. Pelo relato onde se observa a situação caótica existente em Cuiabá, onde havia falta de Lâmpadas, braços e postes, existindo apenas os de madeira, e pouquíssimos de ferro, além dos avariados pelos automóveis que começavam a inundar a cidade. No final do seu relatório, foi ético exaltando o trabalho dos seus companheiros e dos 46 funcionários que dispunha, exaltando ainda que a qualquer momento do dia ou da noite, estavam eles prestando serviços à comunidade e por isto reivindicava ao governador, melhores salários. No governo de Dr. Fernando Corrêa da Costa, a convite do mesmo chega a Cuiabá, o engenheiro Cândido Rondon, nomeado em fevereiro de 1951 para chefiar os serviços de água, luz e esgotos. Demonstrou de inicio a dificuldade de comandar uma usina separada por dezenas de quilômetros e ligada à ela por um precária linha de transmissão e ainda foi humilde ao reconhecer sua dificuldade para resolver os problemas atinentes à agua, visto ser ele engenheiro eletro técnico, e neste mister teve ele a capacidade de descobrir a possibilidade de aproveitamento da mesma queda que movia a usina Casca I, um quilometro abaixo duplicando o potencial energético.
Diz que: trabalho pessoalmente juntamente com seu colega Jair Cuiabano, tempo difícil onde mais difícil era o dinheiro para a empreitada. Até a criação da força luz e água a EFLA, instalada em setembro de 1951, ganhando maior autonomia financeira e propiciando maior agilidade na resolução dos problemas relativos ao setor.
Diz o opúsculo da CEMAT, que Cândido Rondon não abria mão da escolha dos seus assessores diretos, os Diretores da EFLA, visando a expandir os recursos energéticos do Estado. Em 1952, levou para a EFLA o engenheiro Carlos Santos Melo, em 1953, Hortêncio José Vieira e em 1954 o engenheiro Carmelito Torres, sendo que em 1954, inaugurava a Usina Casca II, que tinha dois grupos geradores de 33.033 cavalos, porém modulada para receber outro grupo gerador que seria de três mil cavalos. Seguindo o caminho do seu colega Alberto Addor, buscando fazer justiça aos que trabalharam Cândido Rondon inúmera alguns importantes colaboradores, além do presidente Trumann dos EUA, o governo Federal através da SPEVEA, empresas particulares como a Socel (sociedade campo-grandense de engenharia LTDA), através de Kerman Machado, depois presidente da CEMAT e a Civeletro através do ex-governador José Garcia Neto.
Lembra-se ainda dos antigos companheiros não menos importantes para a história da energia em Mato Grosso: Juvenílio do antigo departamento de força e luz, Apolônio Bouret de Melo, Tomazito e Chico Romão, formando uma equipe admirável segundo seu conceito. Os obstáculos eram muitos, relata Cândido Rondon, desde a falta de cimento que à época era importado, só conseguindo com parte da cota destinada a São Paulo através do governador Lucas Nogueira Garçes que demonstrou ser amigo de Mato Grosso, os meios de transporte vez que o enorme assoreamento do Rio Cuiabá, impedia chegada de batelões oriundos de Corumbá, transportando cimento, sendo necessário até o transporte aéreo através do velho avião “Douglas”. O contingente de trabalhadores era mesclado de paraguaios e nordestino, onde somente a cachaça promovia harmonia. Cândido Rondon, guardada as proporções repetiria a saga do seu venerável antepassado Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, o patrono das comunicações brasileiras, sendo ele um dos patronos do potencial energético em Mato Grosso, devido à persistência que marcou a ambos. Em 04 de agosto de 1958, o governador João Ponce de Arruda sancionava a Lei 832, criando a Centrais elétricas de Mato-grossense S/A–A CEMAT, tendo como objetivo a realização de estudos, projetos, construções e operações de usinas produtoras e linhas de transmissão e distribuição de energia elétrica, bem como a celebração de atos de Comércio decorrentes dessas atividades. Informa-nos o opúsculo.
O historiador Rubens de Mendonça, diz que: Mato Grosso tinha fome e sede de energia elétrica. Sem dúvida esta fome e sede tinham que existir, pois o potencial econômico e de produção desde a matéria prima à industrialização, passavam por mitigar estas necessidades. As dificuldades foram enormes nos relata novamente Alberto Addor, pois faltava credibilidade para que prefeituras que já possuía energia elétrica, como no caso de Alto Araguaia, investissem na duvidosa S/A. Relata-nos que o apoio da CEMIG (centrais elétricas de Minas Gerais) e da Celg (centrais elétricas de Goiás) que a CEMAT viabilizou-se como empresa. O historiador Rubens de Mendonça, sempre brincalhão disse: “que a CEMAT cuja instalação foi concedida pelo presidente Juscelino Kubitschek, pelo decreto 44.647 de 17 de outubro de 1958, é anterior à própria Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras, instituída em abril de 1961), tratando-se portanto do surgimento de uma filha antes que a própria mãe surgisse!” O coronel Máximo Levi foi o primeiro presidente da CEMAT S/A homem competente e compromissado com Mato Grosso e com a visão da realidade da sua época.
O opúsculo da CEMAT dá-nos informações preciosas de quanto se investiu na empreitada, e estamos a repetir na esperança que alguns da futura geração aquilatem o quanto de sacrifício e recursos financeiros foram empenhados. Informa-nos o engenheiro Alberto Addor: “naquela época comprou-se por 32 milhões de cruzeiros, o conjunto hidrelétrico de Paranapanema (Ipauçu) e somente na construção da rodovia entre Ribas do Rio Pardo e Cacheira do Mimoso gastou-se 36 milhões, enquanto o transporte de toda maquinário consumiu valiosos 3,2 milhões.
Estava assim tudo pronto para construção da usina de Mimoso, que o governador dava por equacionado por 10 a 15 anos o problema energético que angustiava Campo Grande, hoje Mato Grosso do Sul. Mimoso hoje esta sob a tutela da Enersul empresa surgida após divisão territorial de Mato Grosso. A CEMAT teve também como presidente: Vitor Andrade Brito, Fernando de Paula Delgado, Alceu Sanches, Antônio Luckman filho, Marcelo Miranda Soares, Kerman José Machado, Carmelito Torres, Carlos Gentiluomo e Ézio Calábria. Com o presidente da CEMAT coronel do exercito Máximo Levi, assumiram também: como Diretor técnico o engenheiro eletricista Alberto Aluízio Addor, Direror comercial o Sr. Heronides de Araújo e Gerente de seção de comercialização Jercy Jacob.
As atitudes e investimentos tolhidos ao Velho Mato Grosso, antes da divisão territorial, legou à historia a realidade de que o sertão inóspito de Mato Grosso não merecia maior atenção do Governo Federal. Falta de perspicácia a tirocínio politico, vez que uma preciosa região com grandiosa rede hidrográfica, grande parte da floresta Amazônica, não merecia atenção? Que arrumassem outra justificativa mais condizente mesmo para aquela época do Brasil castrador! A carência de recursos financeiros não propiciou o aparecimento de forma compatível qua a capital de Mato Grosso estava a experimentar, quase chegando ao total estrangulamento dos recursos energéticos, o que levou a atitude de reaproveitar a queda possível que resultou no primeiro grupo hidrelétrico de Cuiabá em 1928, inclusive ficando na carência de um engenheiro eletro técnico até 1945, quando assumiu o engenheiro Alberto Addor.
Conta-nos a extrema dificuldade enfrentada pelo presidente do Estado Dr. Mário Corrêa da Costa na área das finanças e também o isolamento Geográfico do Estado, objetivando a construção da usina Casca I em 1928, após vários entraves como o transporte de equipamentos via ferroviária, terrestre e fluvial, que levavam meses. Finalmente em 26 de julho de 1926 a usina Casca I foi inaugurada.
Sendo ampliada na época do Interventor Júlio Mülher, já na década de 40. O precioso opúsculo editado pela CEMAT, por ocasião do seu vigésimo aniversário, nos relata através do Ilustre engenheiro corumbaense Dr. Carmelito Torres, que viveu os acontecimentos históricos da história da Energia elétrica em Mato Gross, onde ocupou desde a presidência até outros relevantes cargos na Empresa: no período do governo de Fernando Corrêa da Costa em 1951 a 1955, um dos fatos mais marcantes foi a construção da usina de Casca II, da subestação de Cuiabá, melhoria da rede de distribuição urbana, e por fim promoveu o encontro dos governadores da área de influencia da Bacia do Rio Paraná.
No governo de João Ponce de Arruda em 1955 a 1961, diversos melhoramentos no setor da instalação elétrica, especialmente nas linhas de transmissão da usina de Casca à Cuiabá e uma nova subestação de distribuição na Capital.
Mas o que marcou sua administração foi a criação das Centrais Elétricas Mato-grossenses S/A – CEMAT em 17 de outubro de 1958. No segundo mandato 1961 a 1966, deu-se o inicio das obras da usina Casca III e a introdução da CEMAT no setor de capitais externos. No governo do Dr. Pedro Pedrossian de 1966 a 1971 aconteceu a mudança de padrões e dos postes substituindo os de madeira pelos de concreto, substituição da iluminação incandescente a vapor de mercúrio e iluminação ornamental em algumas avenidas da Cidade. Neste período houve o desmembramento do serviço de água da Capital, até então sob a tutela da energia elétrica, quando foi criada a SANEMAT.
Foi ainda inaugurada a usina de alto Paraguai e o sistema de transmissão para 06 municípios vizinhos: Diamantino, Arenápolis, Nortelândia, Rosário Oeste e Nobres. Construiu ainda a segunda linha de transmissão de Casca a Cuiabá e a subestação localizada no Jardim Leblon, que devido ao chão duro ficou com o apelido que até hoje permanece o apelido de “Barro Duro”. No período do governo do Dr. José Fontanillas Fragelli de 1971 a 1975 foram adquiridos mais alguns conjuntos dieselétricos importados, com crédito externo visando a aumentar o potencial elétrico do Estado. Houve a mudança de 50 para 60 ciclos por segundo da pioneira Casca I, até que enfim o sonho acalentado por Addor e Cândido Rondon foi realizado. Foi implantado ainda nesse período o Centro de Processamento Eletrônico de Dados. Os estudos efetuados pela Eletrobrás e a CEMAT propiciou a ligação no sistema Nacional conseguindo o fornecimento de energia elétrica para Mato Grosso de forma mais consistente, concluindo a interligação e construção da Usina de Couto Magalhães no Rio Araguaia na divisa com Goiás.
No período do governo de Dr. José Garcia Neto de 1975 a 1978, houve a conclusão e inauguração da linha de transmissão Cacheira Dourada, Rio Verde, Rondonópolis, Cuiabá, interligando totalmente o sistema de suprimento Nacional e com a expansão do sistema de transmissão mais para o Oeste, alcançando com energia do sistema Nacional, Várzea Grande, Livramento, Poconé e Cáceres e o sistema de transmissão na direção de Alto Paraguai. Com a divisão territorial de Mato Grosso neste período houve através da Lei complementar de Nº 31 de 11 de outubro de 1977, a criação de nova empresa de energia elétrica para o novo Estado surgindo então a Enersul.
No governo de Dr. Cássio Leite de Barros de 1978 a 1979, assumindo devido a desincompatibilização de Garcia Neto, houve continuidade do processo administrativo culminando com o aparecimento do Projeto intitulado “Cyborg” e concluindo e inaugurando o sistema de energia elétrica de SINOP. No período do Dr. Frederico Campos, foi definida a construção da usina hidrelétrica do Manso sob a responsabilidade da Eletronorte. Consolidou-se recursos para a implantação do Projeto “Cyborg”. Houve ainda a cisão da CEMAT, servindo a Mato Grosso, com a Enersul servindo ao Mato Grosso do Sul.
No governo do Dr. Júlio José de Campos, de 1963 a 1986, renunciando ao mandato para candidatar-se ao senado da República, trabalhou na interligação do sistema nas linhas nas regiões de Guiratinga e Barra do Bugres. Transmissão da linha energética a de modificação da tensão da segunda linha de Rio Verde a Rondonópolis. No ano de 1940 iniciou-se a aquisição de equipamentos pelo Engº. W.W.Rein, sendo que em 1941 no governo de Júlio Mülher, foi instalada a primeira Estação de Tratamento de Água em Cuiabá, a ETA-I com a capacidade de distribuição de três milhões de litros de água diariamente, com tratamento com o halogênio Sulfato de Alumínio, na qualidade de decantador visando a atender 25 mil habitantes.
Foi inaugurada em 19 de abril de 1942 e ampliada em 1977, na gestão, do governador José Garcia Neto (1975-1978) sob a direção do Engº. Luiz de Borges Garcia. Em 08 de abril de 1969, durante as comemorações dos 250 anos de Cuiabá, foi inaugurada a captação de água bruta do Ribeirão do Lípa, fundando uma estação de tratamento de água. A Estação de Tratamento de Água o ETA-II, situada na Rua São Sebastião inaugurada em 20 de dezembro de 2007 e, após sua restauração recebeu o nome do Engº. Jose Luiz de Borges Garcia, hoje é conhecida por Memorial das Águas.
Na atual conjuntura outra ETA está sendo construída dentro dos ditames de modernidade no Bairro Tijucal, na gestão do atual Prefeito Municipal Professora Wilson Santos. (Fonte SANECAP – pesquisa da Ilustre Historiadora: Nélia Maria de Souza Barreto). Duas forças transcendentais para o desenvolvimento de um Arraial, Vila ou cidade, foi e sempre será a presença da água e a presença da energia elétrica que propulsiona o desenvolvimento. Os historiadores mato-grossenses nos dão conta das atribulações vivida pela população cuiabana, desde a época dos Capitães generais até a época atual. A primeira fonte de energia visando a combater a escuridão, em Cuiabá, surge com o aproveitamento do óleo de peixe dos lambaris e piquiras, que eram esmagados no “Canto ou Largo do Sebo”, visando a alimentar as tigelas de barro ou mesmo de casca de laranja azeda, que da sua combustão através de um pavio de algodão ou mesmo de palha de milho, servia para iluminar na escuridão das Ruas. Alguns utensílios para esta finalidade chamavam “Candeeiros” e, até hoje temos um Beco em Cuiabá com este nome.
Até 1722, quase próximo a instalação do Arraial da Forquilha e logo em seguida do Bom Jesus do Cuiabá, o azeite e óleo dos peixes eram os combustíveis que iluminavam a cidade.
O historiador Paulo Setubal, deu uma perlustrada na história da iluminação em Cuiabá, também relatada pelo historiador cuiabano Rubens de Mendonça, contando um acontecimento ocorrido no Beco do candeeiro, onde havia uma casa de jogo de um cidadão por nome Quim Proença, onde na porta da casa estava instalado um enorme candeeiro, não somente para iluminar mais também, para chamar a atenção aliciando pessoas para a casa de jogo, época do Bandeirante Paschoal Moreira Cabral. Outro historiador cuiabano Francisco Ferreira Mendes, nos dá conta que para manutenção deste serviço de iluminação pública, mediante contrato a administração da Província contratou dois servidores, um acendia os candeeiros e outro os apagava, sendo que o serviço era supervisionado pela Chefatura de Polícia.
Somente mais tarde na Intendência, o serviço de iluminação pública passou a ser responsabilidade do poder publico, que contratou um funcionário para a execução do serviço. Registra ainda o historiador Ferreira Mendes que em 22 de julho de 1873 foi assinado um contrato com o comendador Manoel Leite do Amaral Coutinho para a implantação de 100 lampiões de Gás reinvindicação de Miranda Reis.
A implantação deste sistema favoreceu ao Porto, às Ruas 15 de novembro (a Rua Larga), a Rua 13 de junho (Rua Bela do Juiz), Rua Antônio Maria (Rua da Piçarra) e algumas Praças como: A Praça Ipiranga (Cruz das Almas), Largo da Mandioca (Conde de Azambuja) e da Igreja do São Gonçalo (Porto), isto no ano de 1905.
Continua relatando Ferreira Mendes que: com a deposição e morte do Presidente da Província Antônio Paes de Barros (Totó Paes),em 1906, assumiu o governo Municipal de 1909 a 1911 o coronel Avelino Antônio de Siqueira que deu maior atenção à urbanização da cidade, mandando instalar dois gasômetros um no Jardim Alencastro outro no Jardim Ipiranga, atingindo a iluminação do gás acetileno a Avenida Generoso Ponce, Rua 13 de junho até a Praça da República. De 1912 em diante na administração do coronel Amarílio Alves de Almeida a iluminação a gás chegou ao Porto, sendo o gasômetro instalado nos fundos do quartel da Policia militar.
O sistema de iluminação a gás acetileno perdurou até 1919, com o advento da luz elétrica, com a chegada em Cuiabá do Cearense João Pedro Dias, fazendo um grande trabalho nesse setor nos anos seguintes, abrindo na capital e no Estado a fase da energia elétrica. Assim nos relata o historiador Francisco Ferreira Mendes. Outro historiador mato-grossense Rubens de Mendonça, nos afirma que a primeira tentativa para iluminar Cuiabá com energia elétrica aconteceu no governo de Antônio Corrêa da Costa que concedeu ao engenheiro Jaques Markwalder a exploração por 70 anos o serviço de abastecimento de água e iluminação elétrica em Cuiabá.
Entretanto por descumprimento de cláusulas do contrato o mesmo foi interrompido. Outros mais efetuaram contrato com o Estado que também descumprirão, até que em 1914 o Estado assumiu o papel de fiscalizar as concessões. A solução definitiva aconteceu quando o presidente do Estado Manoel de Faria Albuquerque, através da Lei nº 714 de 20 de setembro concedeu a João Pedro Dias a exploração por 30 anos para a iluminação pública de Cuiabá e fornecimento de força motriz.
Diz-nos ainda Rubens de Mendonça que: pela primeira vez o Presidente da Província cita um nome que será responsável por esta concessão até a década de 60, o nome de João Pedro Dias, sendo autorizado a construção da Usina geradora do Casca. Isto lhe valeu o apelido do Sr. Dias da Luz.
A história registra que ele aproveitou uma caldeira velha produzindo energia elétrica iluminando várias residências, estabelecimentos particulares e ainda a Santa Casa de Misericórdia, o que propiciou a realização de vários atos cirúrgicos no período noturno. João Pedro Dias abriu uma proposta a se concretizar na década de 80 a construção da Usina do Manso, sendo que naquela época antevia a forma de dar condições de funcionamento para a instalação de fábricas na Capital de Mato Grosso.
O historiador Rubens de Mendonça relata que: vencendo a indiferença geral, transpostos os entraves de todos os gêneros em julho de 1919 a cidade de Cuiabá, como uma mágica, se rejubilava com a luz viva das lâmpadas de Edison.
Essa primeira iluminação era gerada por máquina a vapor localizada na hidráulica às margens do Rio Cuiabá. Continua relatando Rubens de Mendonça: que no segundo período presidencial do coronel Pedro Celestino Corrêa da Costa, em 1922 ele autorizou a reforma do contrato com João Pedro Dias para a iluminação pública de Cuiabá, podendo o serviço abranger o abastecimento de água, fixando um capital de 1.500 contos a juros anuais de 8%, para a captação de energia Hidrelétrica. Em 1924, por decreto a Usina elétrica de Cuiabá foi incorporada ao patrimônio público Municipal, não obstante a concessão vigente, em favor de João Pedro Dias. Homem de denodado valor e absorvido pelo patriotismo, em 1909 montou a telefonia em Cuiabá tendo 22 pessoas como assinantes.
Com todos os obstáculos da época foi montada uma Casa de Força no rio Cuiabá movida por uma caldeira a lenha que fornecia água e gerava energia à cidade. A lenha vinha por via fluvial. O bicentenário de Cuiabá foi comemorado sem energia elétrica que deveria ser inaugurada em 1919, mas que por questões politicas e religiosas entre João Pedro Dias que era evangélico Presbiteriano e o Presidente Dom Aquino Corrêa da Costa Arcebispo de Cuiabá, a inauguração foi adiada.
Desgostoso com as perseguições que lhe impuseram João Pedro Dias mudou-se para Chapada dos Guimarães, lá construindo a primeira casa de alvenaria. Incentivou o plantio do café na região e, foi o primeiro ali a chegar com um caminhão, cujo motorista Moisés Mendes Martins, veio a ser o seu genro, ao casar-se com sua filha Gemima Dias. Com o falecimento de João Pedro Dias na década de 30, o seu filho João Alberto Dias assumiu a liderança dos serviços de energia em Cuiabá até 1945, quando se afastou do negócio.
Ao ser incorporada a empresa do seu pai João Pedro Dias ao poder público, o governador Mário Corrêa da Costa exigiu que João Alberto permanecesse como encarregado do serviço energético em todo Estado, sendo que para isto foi nomeado em 1929.
(pesquisa compilada por Moisés Martins